Sugestão de Leitura – A Mística do Instante, de José Tolentino Mendonça

 

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No livro a Mística do Instante, de José Tolentino surge a Mística dos sentidos humanos. A partir de cada um dos sentidos, cada ser humano é capaz de encontrar Deus. Como o próprio autor diz: “os sentidos corporais, que depois se projetam em outros tantos espirituais, são vias de acesso polifónicas na diversidade que a vida precisa para exprimir-se” .  O caminhar místico dar-se-á  pelos sentidos, na polifonia das vias de acesso que a vida pode nos apresentar. A via humana, do toque, da visão, do paladar, do olfato, do tato. Do coração!

Uma Mística que se apresenta pelo “o dito e o não dito, o fora e o avesso, o presente e o futuro que é dado em cada instante”. Um livro incrível para os dias atuais. Como disse o teólogo Karl Rahner: O cristão do futuro ou será um místico ou nada será!”. No livro temos uma nova perspectiva Mística sem se desligar do externo. Talvez a Mística da Poesia da Vida. A Mística do Instante. 

 

Helen Oliveira

 

Sugestão de Leitura – A Misericórdia – Condição Fundamental do Evangelho e chave da vida cristã, Cardeal Walter Kasper

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Um livro fundamental para compreensão da Misericórdia Divina,nos dias de hoje, escrito pelo Cardeal Walter Kasper,  nomeado Cardeal em 2001 , Doutor em Teologia Dogmática, atualmente presidente emérito do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. É um manual da misericórdia como a condição fundamental do Evangelho e a chave da vida cristã.

No livro diversas questões sobre a  Misericórdia Divina são respondidas a partir de reflexões teológicas e considerações espirituais. Enfoques filosóficos, Bíblia, Reflexões sistemáticas… Como devemos agir com Misericórdia. Ser misericordioso.

Estamos no Ano da Misericórdia, deixo como sugestão de leitura a obra. Como disse Papa Francisco:

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Felizes os misericordiosos” Mt 5,7.

Boa leitura!

Helen Oliveira

Sugestão de Livro: TEOLOGIA DO CORPO, S. João Paulo II

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O Bem-Aventurado Papa João Paulo II deu continuidade à tradição iniciada pelo Papa Pio IX, em 1870, com as chamadas Audiências Gerais. Elas acontecem desde então, às quartas feiras, e são um modo de o Sumo Pontífice relacionar-se mais de perto com os peregrinos. Nelas são proferidas as chamadas “catequeses”.

Enquanto ainda era cardeal, o Papa João Paulo II iniciou a escrita de um livro que acabou não sendo nem terminado nem publico, justamente por sua eleição. Tal livro, intitulado “Homem e Mulher Ele o Criou”, teve seus capítulos apresentados durante as Audiências Gerais do ano de 1979 até 1984.

Foram 129 catequeses a respeito da chamada Teologia do Corpo, que jogou a luz do Evangelho sobre a confusão moderna que se instalou sobre o relacionamento entre homem e mulher. O Papa conseguiu apresentar a sexualidade humana de maneira fiel ao ensinamento da Igreja e, ao mesmo tempo, nova. A tradição foi apresentada de um modo que o mesmo homem atual consegue entender.

Em 1985 foram publicadas 133 catequeses, pois algumas não haviam sido pronunciadas em público. A edição italiana foi publicada em português pela EDUSC, em 2005. No entanto, os textos do Papa, por serem bastante profundos, necessitam de uma espécie de “tradução”, ou seja, postos numa linguagem mais simples. Um bom subsídio para iniciantes é o livro de Christopher West, “Teologia do Corpo para Principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II”, Editora Myrian, 2008. Outra obra que será utilizada neste curso é o comentário do próprio Christopher West às Catequeses, intitulado “Theology of the Body Explained (Revised): A Commentary on John Paul’s “Man and Woman He Created Them”.

O Romano Pontífice afirma que “o corpo, de fato, e só ele, é capaz de tornar visível o que é invisível: o espiritual e o divino. Foi criado para transferir para a realidade visível do mundo o mistério oculto desde a eternidade em Deus e assim ser sinal d´Ele.”(19,4)[01] Esta é a intuição básica de toda sua teologia.

Segundo ele, a observação do ser humano em sua integridade permite enxergar algo de Deus. Da mesma forma, observando como Deus Se revelou em Jesus Cristo é possível entender – no Deus que se fez carne – algo do ser humano. Esta circularidade divina revelada no homem e do homem que se revela no Deus que se encarnou – teologia e antropologia que se fecundam mutuamente -está contida no Capítulo 2 do Gênesis:

E o Senhor Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer-lhe uma auxiliar que lhe corresponda”. Então o Senhor Deus formou da terra todos os animais selvagens e todas as aves do céu, e apresentou-os ao homem para ver como os chamaria; cada ser vivo teria o nome que o homem lhe desse. E o homem deu nome a todos os animais domésticos, a todas as aves do céu e a todos os animais selvagens, mas não encontrou uma auxiliar que lhe correspondesse. Então o Senhor Deus fez vir sobre o homem um profundo sono, e ele adormeceu. Tirou-lhe uma das costelas e fechou o lugar com carne. Depois, da costela tirada do homem, o Senhor Deus formou a mulher a apresentou-a ao homem. E o homem exclamou: “Desta vez sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada ‘humana’ porque do homem foi tirada”. (Gên 2, 18-23)

Esta belíssima poesia – a primeira de amor – foi proclamada antes do pecado primeiro. A união de Adão e de Eva no Paraíso, antes de o projeto de Deus ser distorcido pela desobediência, logo no início da Bíblia, reflete um outro enlace narrado no último Livro, as núpcias do Cordeiro, o casamento entre Deus e o homem. É interessante notar o desejo de Deus em unir-se à humanidade.

O ser humano foi feito para este casamento último. É por isso que nenhum homem ou mulher encontrará em seu companheiro aqui na Terra o preenchimento do coração, porque somente em Deus será saciado o anseio do coração humano.

O namoro ou o casamento não podem ser empecilhos para a aproximação com Deus. O relacionamento de amor honesto, casto, de doação deve ser um trampolim para o Divino e o desejo que se sente pelo sexo oposto deve refletir a busca pela verdadeira felicidade que, como já foi dito, somente será saciada em Deus.

Justamente por causa disso é que o homem peca. O Diabo se apropria do instinto natural de todo ser humano pela sexualidade e a perverte. Os homens passam, então, a procurar no sexo um “deus alternativo”.

E este casamento encontra sua plenitude na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é a união entre Deus e a humanidade, numa só pessoa. E é por isso que o Papa João Paulo II diz: “Pelo fato de o Verbo de Deus ter se feito carne, o corpo entrou pela porta principal na teologia.”(23,4)

Além desta preciosa intuição básica, o Papa João Paulo II apresenta, em sua Teologia do Corpo, um método entusiasmante. O universo filosófico-teológico a que ele pertencia era riquíssimo e é importante deixar claro, ao menos para os estudantes de Filosofia, o quanto se pode extrair dela. É possível elencar três chaves de leitura:

  1. Estudou Santo Tomás de Aquino no Angelicum em Roma, portanto, foi um tomista que usou o Aquinate para entender São João da Cruz e a espiritualidade carmelitana.
  2. Além de tomista, João Paulo II foi adepto do “personalismo”, portanto, cria no conceito de “pessoa” e na relacionalidade presente na substância do ser humano.
  3. Tomista e personalista, João Paulo II foi também adepto da “fenomenologia”, ou seja, corrente contrária ao positivismo que tem seu ponto de partida nas experiência pessoais, extinguindo, portanto, a separação entre o sujeito e o objeto.

Referências

[01] As catequeses serão indicadas pelo seu número e parágrafos correspondentes. P.ex.: Catequese 19, parágrafo 4

 

Retirado do site: https://padrepauloricardo.org/aulas/a-teologia-do-corpo-do-papa-joao-paulo-ii

SUGESTÃO DE LEITURA – LIVRO: As Moradas ou Castelo Interior, de Santa Teresa D’AVILA

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LIVRO: As Moradas ou Castelo Interior, de Santa Teresa*

O livro d’As Moradas ou Castelo Interior de Santa Teresa é habitualmente considerado como a sua melhor obra. Mais do que história, este livro contém biografia, ou melhor, autobiografia. Em diálogo com Graciano, falando do livro da Vida, disse-lhe ele: “Faça memória do que se lembrar e de outras coisas, e escreva outro livro, e diga a doutrina em geral, sem nomear a quem aconteceu tudo aquilo que nele disser”.

Este “outro livro” foi o Castelo Interior. A própria autora, contente com a sua obra, dá a preferência a este – as Moradas, sobre o outro – a Vida. E, usando termos de ourivesaria, embora para ela o livro da Vida seja uma jóia, o Castelo Interior é mais precioso e com mais delicados esmaltes e lavores, ou dito de outra maneira por ela própria: “ A meu parecer, avantaja-se-lhe o que escrevi depois, embora frei Domingos Báñez diz que não está bom; pelo menos tinha mais experiência do que quando o escrevi”.

O mandato de escrever As Moradas veio-lhe de três lados: do padre Graciano, do doutor Velázquez e do “vidreiro” Maior: Cristo Jesus que, por outra parte, era o seu “livro vivo”.

As condições de saúde que a Madre atravessava eram muito penosas, “com ruído e fraqueza tão grande de (cabeça) que mesmo os negócios forçosos escrevo com pena”. A situação da Ordem era de grande risco e a própria Teresa encontrava-se confinada em Toledo, a modo de cárcere. Mas a fortaleza desta mulher dá-lhe o equilíbrio necessário para poder escrever amplamente. E a que levou acabo tantas fundações sem saúde e no meio de tantas contradições, vai agora construir este seu castelo com a mesma força de vontade.

Tempo de escritura, autógrafo, destinatárias

A hora da primeira pedra e da última é ela própria quem no-la revela: “E assim começo a cumpri-la hoje, dia da Santíssima Trindade, ano de 1577, neste mosteiro de S. José do Carmo em Toledo, onde estou presentemente” Isto no prólogo. E, na conclusão do livro: “Acabou-se isto de escrever no mosteiro de São José de Ávila, no ano de 1577, véspera de Santo André, para glória de Deus, que vive e reina para sempre sem fim, amen” (7M, conclusão 5).

Um total de seis meses menos dois dias, desde que começou a escrever até que lhe pôs ponto final. Fala-nos, pelo menos duas vezes, da interrupção da escrita, “porque os negócios e a saúde me fazem deixá-lo na melhor altura” (4M 2,1). E noutro lugar dirá: “já passaram quase cinco meses desde que comecei até agora; e, como a cabeça não está para o tornar a ler, tudo deve ir desconcertado, e talvez diga algumas coisas duas vezes” (5M 4,1). Volta ao mesmo manuscrito e termina a obra a 29 de Novembro.

E, concluído o livro, dá “por bem empregado o trabalho, embora confesso que foi bem pouco”. O autógrafo das moradas encontra-se no mosteiro das carmelitas descalças de Sevilha desde Outubro de 1618. Em 1622, foi levado em procissão pelas ruas de Sevilha por ocasião dos festejos pela canonização da autora. E a última e mais prolongada saída do manuscrito até Roma teve lugar em 1961, onde foi devidamente restaurado pelo “Istituto Ristauro Scientifico del libro” do Vaticano e o “Istituto di Patologia del libro” de Itália. Voltou a Sevilha em 1962 e ali se conserva no convento das Descalças, num indescritível estojo relicário: as muralhas de Ávila convertidas em castelo para abrigar e custodiar o autógrafo do Castelo Interior. Esta obra deve-se à ideia e solicitude do então Geral da Ordem, Padre Anastácio Ballestrero.

As primeiras destinatárias são as suas monjas, como diz nesta espécie de dedicatória: “JHS. Este tratado, chamado Castelo Interior, escreveu Teresa de Jesus, monja de nossa Senhora do Carmo, para as suas irmãs e filhas, as monjas carmelitas descalças”.
Destinatário da obra é também todo o fiel cristão, candidato à santidade desde o seu baptismo e por ele.

Visita ao Castelo.

É a própria autora a que nos vai guiando a partir de uma das suas primeiras confissões. Está com a pena na mão pensando como poderá começar a escrever, e “ofereceu-se-me o que agora direi para começar com algum fundamento. É considerar a nossa alma como um castelo todo ele de um diamante ou mui claro cristal, onde há muitos aposentos, assim como no Céu há muitas moradas (Jo 14,2). Que, se bem o considerarmos, irmãs, não é outra coisa a alma do justo, senão um paraíso onde Ele disse ter Suas delícias” (Prov 8, 31) ” (1M 1,1).

Já, desde aqui, sem nenhuma complicação, compreendemos qual, ou melhor, quem é para ela o castelo interior: a pessoa humana, e vemos como se vai deixando iluminar, por esse par de textos bíblicos, de João e Provérbios.

Para organizar a leitura ou estudo de obra tão importante como esta, para assaltar este Castelo (passe a expressão), publicaram-se já há alguns anos, “um grande trabalho em que se analisam com lupa os núcleos básicos do simbolismo teresiano, os eixos temáticos de cada uma das moradas, o itinerário léxico da interiorização, o caminho para a construção simbólica da própria interiorização” (Monserrat Izquierdo Sorli).

Este tipo de estudo e de leitura não resulta fácil à maioria dos leitores em cujas mãos cai o livro d’ As Moradas. Mais ao alcance da mão estão uns esquemas muito simples, mas muito compreensíveis. Nesta elaboração entram elementos doutrinais básicos, em que se interrelacionam necessariamente os dois protagonistas: Deus e o homem. Deus que vive e actua e Se comunica dentro. O homem (a alma) como cenário e protagonista da aventura espiritual. E a oração, que é a ponte de comunicação entre Deus e a alma. Daqui brota a ideia, o conceito de “moradas”.

Teresa divide a obra do Castelo em sete moradas, mas adverte: “não considerem poucos aposentos, senão um milhão deles” (2M 2,12), e mais claramente: “Embora não se trate senão de sete moradas, em cada uma destas há muitas: por baixo, por cima. Dos lados” (7M conclusão 3).

Prescindindo da compreensão do Castelo em que se encontram e se veem e se podem visitar e percorrer os diferentes aposentos, estâncias, salas, moradas, devemos ter sempre presente que a alma é a que tem em si mesma as diversas ou diferentes moradas, as leva consigo e é considerada como repartida em sete moradas, sem prejuízo de que essas sete se convertam em setenta vezes sete, quer dizer, em inumeráveis.

Em Fundações 14, 5, encontra-se uma frase que ilumina bem este facto: “Quanto menos tivermos na terra, mais gozaremos naquela eternidade onde as moradas são conforme ao amor com que imitámos a vida do nosso bom Jesus”. Esse mais além tem-no ela bem presente no momento em que começa a escrever: “Onde há muitos aposentos, assim como no Céu há muitas moradas” (1M 1,1). Ouve-se, aqui, o eco da passagem evangélica, embora sem mencioná-la: “Na Casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo 14,2)

O percurso do Castelo torna-se mais fácil e prazenteiro da mão da autora. Lido devagar o prólogo, o leitor deixe-se levar pelos títulos dos 27 capítulos que compõem o livro. A Santa tem uma habilidade especial para sintetizar nesses epígrafes o que quer dizer. Além disso, como parece certo que os títulos estão escritos depois de redigido o texto, resulta dupla a habilidade sintetizadora e esclarecedora da autora.

Terminada a leitura dos 27 títulos, leia-se com atenção a Conclusão, particularmente os nn. 2 e 3, onde a Madre lança, uma vez mais, critérios de vida e de leitura, que foi semeando ao longo do livro.

Outro método bastante simples para ir fixando na mente a doutrina do Castelo interior consiste em atender à substância bíblica incluída em textos, tipos, personagens, motivos bíblicos.

Como exemplo, pode ver-se, nas Segundas Moradas, onde se encontram: 1. Textos: “Quem anda no perigo, nele perece” (Si 3,26); “ não sabemos o que pedimos” (Mt 20,22); “sem a sua ajuda nada podemos fazer” (Jo 15,5); “a paz esteja convosco” (Jo 2,19.21). 2. Tipos bíblicos: O filho pródigo, perdido e comendo manjar de porcos (Lc 15,16); e os soldados de Gedeão quando iam para a batalha (Jz 7, 5-7. 16,22). 3. Textos e também motivos: “Ninguém subirá ao Pai senão por Mm” (Jo 14, 6); “quem Me vê a Mim, vê Meu Pai” (Jo 14,19).

O fio condutor é bem fácil de seguir e muito útil ao longo de todas as moradas. Não podemos esquecer tampouco uma coisa tão frequente na Santa escritora: o mundo dos símiles, exemplos ou comparações, que, na sua pedagogia, a assemelham tanto ao divino Mestre. Um dos exemplos generalizados é a comparação do castelo: 1M 1,3. Este símile não é exclusivo (nem no seu espírito nem na sua pena) d’As Moradas: também o usou no Caminho (CV 28,9-12; CE 48, 1-4); no Caminho, não usa a palavra ”castelo”, mas “palácio”; no entanto, a substância é a mesma. Outro exemplo de comparação- e acaso a melhor – é a do bicho-da-seda: 5M 2, 1-10.

O tema, ou melhor, a realidade da oração, está presente em todo o Castelo como fio condutor. A presença da oração já a deixa bem claramente proposta em 1M 1,7: “Tanto quanto eu posso entender, a porta para entrar neste castelo é a oração e reflexão, não digo mais mental que vocal; logo que seja oração, há-de ser com consideração; porque naquela em que não se adverte com Quem se fala e o que se pede e quem é pede e a Quem, não lhe chamo eu oração, embora muito meneie os lábios”.

Não podemos perder de vista esta afirmação, contando com a evolução que se vai seguindo: oração rudimentar, como primeiros ensaios; meditação, um simples olhar, estar na presença de Deus; recolhimento infuso, quietude, gostos; oração de união. Deus no fundo da alma; formas extáticas, visões, locuções, êxtases, ferida de amor; ânsias de eternidade; contemplação perfeita. Da conjunção de todos estes elementos que vamos assinalando, bem saboreados, irá surgindo no leitor, além do gosto mental, a compreensão da doutrina teresiana.

Alguém, desde a França, escreveu há tempos, embora não a propósito da doutrina teresiana: “A oração é o primeiro de tudo. Não é o essencial: o essencial é a caridade, que resume em si mesma a perfeição, Deus mesmo. Mas a oração é o primeiro”. Por isso, escreveu José Vicente Rodríguez com toda a razão: “Partindo da realidade da graça e do amor, que fazem que a alma seja agradável a Deus, que seja o paraíso onde Ele Se deleita (1M 1,1), as moradas vão-se convertendo na base do amor, virão a ser os diferentes graus de amor da alma, visto que ”o aproveitamento da alma não está em pensar muito, mas em amar muito” (F 5,2), e também “para subir às moradas que desejamos, não está a coisa em pensar muito, mas em amar muito” (4M 1,7). Este amor não é exclusivo mas inclusivo de outras actividades, outros exercícios, e assim resulta que a alma estabelecida em amor empregar-se-á, por exemplo, no conhecimento próprio e no exercício da humildade: as primeiras moradas (1M 2, 8-9). Dar-se-á também diversificação segundo as diferentes mercês recebidas de Deus (1M 1,3). Isto vê-se bem claro na leitura seguida da obra teresiana, sendo a oração de quietude algo típico e fundante, por exemplo, das Moradas Quartas; das Moradas Quintas a oração de união; das Sextas o desposório espiritual e das Sétimas o matrimónio espiritual”.

Para compreendermos plenamente como leva a Santa toda a sua carga doutrinal, aconselhamos a ler com toda a atenção o último capítulo de todo o livro: (7M c. 4). Aqui, dá a impressão de que a Madre quer aterrar nos fundamentos mais sólidos da vida cristã: o amor fraterno e a configuração com Cristo. O Castelo interior é, sem dúvida, um esplêndido manual de santidade.

Como ajudas e pontos de referência no percurso do Castelo, também resulta útil imprimir na memória alguns pontos nos quais a Madre condensa a doutrina que vai estendendo os seus tentáculos ao longo de todo o livro. Bastarão alguns exemplos: Grandeza, dignidade, capacidade, formosura da alma humana: 1M 1, Presença total, natural e sobrenatural de Deus na alma: 5M 1,10. Consciência teresiana da diversidade de almas:1M 1,3; 5M 3,4. Fabricar cada um a sua morada em Deus: 5M 2, título e corpo do capítulo. Ser deveras espirituais: 7M 4,8. Não ficarem anões: 7M 4,9. Ser plenamente realistas: 7M 4, 14. Não pôr medida às obras de Deus: 6M 4,12.

E, como capítulo imprescindível sobre Cristo Jesus, deve ler-se 6M 7, cujo título reza assim: “Diz quão grande erro é não se exercitar, por espiritual que seja, em trazer presente a humanidade de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e sua sacratíssima Paixão e vida, e a Sua gloriosa Mãe e os santos. É de muito proveito”. Trata-se de um capítulo paralelo a Vida 22.

Concluindo

Em 6M 10,3, a Santa surpreende-nos com a identidade e, ao mesmo tempo, com a diversidade que assinala nesta passagem: “Façamos agora de conta que Deus é como uma morada ou palácio muito grande e formoso, e que este palácio, como digo, é o mesmo Deus”. Partindo destas palavras, chega-se imediatamente àquilo de “sede perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito” (Mt 5,48). Aqui, diríamos: sede castelos formosos como o vosso Pai Celestial o é.

O famoso Catecismo holandês apresenta assim aos crentes de hoje esta obra teresiana: “Santa Teresa escreveu um livro em que a alma está representada por um Castelo com sete moradas. Morada após morada, chega-se à sétima onde habita Deus, quer dizer, Cristo. A sua presença percebe-se em todo o Castelo, mas ao chegar a alma ao centro, imersa na própria realidade, sente-se toda invadida pelo sereno sentimento de que Deus está nela. A alma vive dentro da realidade terrena, que se apresenta magnífica aos seus olhos, pois compreende que Deus é o coração inefável de toda a realidade”.

Na Positio para o Doutoramento da Santa, encontra-se, como peça principal, o Relatório do advogado da causa. Para defender a altura da eminente doutrina da santa doutoranda, oferece da seguinte maneira uma espécie de resumo d’As Moradas. Esta “é a principal obra teresiana e mesmo – segundo alguns – de toda a mística cristã […]. O livro divide-se em sete partes ou moradas, das quais cada uma tem vários capítulos, exceto as segundas moradas, que tem um único capítulo.

As Primeiras Moradas (2 capítulos) são as almas que têm desejos de perfeição, mas ainda estão metidas nas preocupações do mundo, das quais devem fugir e procurar a solidão.

As Segundas Moradas (1 capítulo) são as almas com grande determinação de viver em graça e que se entregam, portanto, à oração e a alguma mortificação, embora com muitas tentações por não deixarem de todo o mundo.

As Terceiras Moradas (2 capítulos) são para as almas que exercitam a virtude e a oração, mas pondo nisso um amor dissimulado a si mesmas. Precisam de humildade e obediência.
As Quartas Moradas (3 capítulos) são já o começo das coisas “sobrenaturais”: a oração de quietude e um início da união. Os frutos não são ainda estáveis: por isso, as almas devem fugir do mundo e das ocasiões.
As Quintas Moradas (4 capítulos) são já de plena vida mística, com a oração de união que é sobrenatural e dá-a Deus quando quer e como quer, embora a alma se possa preparar. Os sinais verdadeiros desta união é que seja total, que não falte a certeza da presença de Deus e que sucedam tribulações e dores em que provar o amor a Deus. Necessita-se grande fidelidade.
As Sextas Moradas (11 capítulos). Consegue-se uma grande purificação interior da alma, e, entre as graças que nela se dão, totalmente sobrenaturais, estão as locuções, êxtases, etc., grande zelo pela salvação das almas, que leva a deixar a sua solidão. É necessária a contemplação da humanidade de Cristo para chegar aos últimos graus da vida mística.
As Sétimas Moradas (4 capítulos) são o cume da vida espiritual, em que se recebe a graça do matrimônio espiritual e uma íntima comunicação com a Trindade, do que brota espontaneamente uma grande paz em que vive a alma, sendo ao mesmo temo ativa e contemplativa. Uma contemplação que não é subjetiva, mas que transcende o homem levando-o a esquecer-se de si e a entregar-se a Cristo e à Igreja”.
Esta espécie de resumo autorizado é como uma apresentação do Castelo no seu conjunto; e vem a ser, ao mesmo tempo, como um convite a ir verificando toda essa estrutura, não de maneira mental ou intelectual, mas vivencialmente, isto é, desde a práxis e experiência cristã, e tudo isso pela mão de Teresa de Jesus, a Doutora da Igreja Universal.

Publicado originalmente em teresadejesus.carmelitas.pt (Arquivo em PDF)
RETIRADO DO: http://castelointerior-moradas.net/…/caminho-de-perfeicao-…/

SUGESTÃO DE LEITURA – Catecismo da Igreja Católica

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CONSTITUIÇÃO APOSTÓLICA
DO SUMO PONTÍFICE JOÃO PAULO II
FIDEI DEPOSITUM
PARA A PUBLICAÇÃO
DO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
REDIGIDO DEPOIS DO CONCÍLIO VATICANO II

Aos veneráveis Irmãos Cardeais.
Arcebispos, Bispos, Presbíteros,
Diáconos e a todos os membros do Povo de Deus

 I. INTRODUÇÃO

Guardar o Depósito da Fé é missão que o Senhor confiou à sua Igreja e que ela cumpre em todos os tempos. O Concílio Ecumênico Vaticano II, inaugurado há trinta anos pelo meu predecessor João XXIII, de feliz memória, tinha como intenção e como finalidade pôr em evidência a missão apostólica e pastoral da Igreja, e, fazendo resplandecer a verdade do Evangelho, levar todos os homens a procurarem e acolherem o amor de Cristo que excede toda a ciência (cf. Ef 3,19).

Ao Concílio, o Papa João XXIII tinha confiado como tarefa principal guardar e apresentar melhor o precioso depósito da doutrina cristã, para o tornar mais acessível aos fiéis de Cristo e a todos os homens de boa vontade. Portanto, o Concílio não devia, em primeiro lugar, condenar os erros da época, mas sobretudo empenhar-se por mostrar serenamente a força e a beleza da doutrina da fé. “Iluminada pela luz deste Concílio – dizia o Papa – a Igreja… crescerá em riquezas espirituais… e, recebendo a força de novas energias, olhará intrépida para o futuro… É nosso dever… dedicar-nos, com vontade pronta e sem temor, àquele trabalho que o nosso tempo exige, prosseguindo assim o caminho que a Igreja percorre há vinte séculos” [1].

Com a ajuda de Deus, os Padres conciliares puderam elaborar, em quatro anos de trabalho, um conjunto considerável de exposições doutrinais e de diretrizes pastorais oferecidas a toda a Igreja. Pastores e fiéis encontram ali orientações para aquela “renovação de pensamentos, de atividades, de costumes, e de força moral, de alegria e de esperança, que foi o objetivo do Concílio” [2].

Depois da sua conclusão, o Concílio não cessou de inspirar a vida da Igreja. Em 1985 pude afirmar: “Para mim – que tive a graça especial de nele participar e colaborar no seu desenvolvimento – o Vaticano II foi sempre, e é de modo particular nestes anos do meu Pontificado, o constante ponto de referência de toda a minha ação pastoral, no consciente empenho de traduzir as suas diretrizes em aplicação concreta e fiel, a nível de cada Igreja e da Igreja inteira. É preciso incessantemente recomeçar daquela fonte” [3].

Neste espírito, a 25 de janeiro de 1985, convoquei uma Assembléia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, por ocasião do vigésimo aniversário do encerramento do Concilio. A finalidade desta Assembléia era celebrar as graças e os frutos espirituais do Concílio Vaticano II, aprofundar o seu ensinamento para aderir melhor a ele e promover o conhecimento e a aplicação do mesmo.

Nessa ocasião, os Padres sinodais afirmaram: “Muitíssimos expressaram o desejo de que seja composto um Catecismo ou compêndio de toda a doutrina católica, tanto em matéria de fé como de moral, para que ele seja como um ponto de referência para os catecismos ou compêndios que venham a ser preparados nas diversas regiões. A apresentação da doutrina deve ser bíblica e litúrgica, oferecendo ao mesmo tempo uma doutrina sã e adaptada à vida atual dos cristãos” [4]. Depois do encerramento do Sínodo, fiz meu este desejo, considerando que ele “corresponde à verdadeira necessidade da Igreja universal e das Igrejas particulares” [5].

Como não havemos de agradecer de todo o coração ao Senhor, neste dia em que podemos oferecer a toda a Igreja, com o título de “Catecismo da Igreja Católica”, este “texto de referência” para uma catequese renovada nas fontes vivas da fé!

Depois da renovação da Liturgia e da nova codificação do Direito Canônico da Igreja Latina e dos cânones das Igrejas Orientais Católicas, este Catecismo trará um contributo muito importante àquela obra de renovação da vida eclesial inteira, querida e iniciada pelo Concílio Vaticano II.

II. ITINERÁRIO E ESPÍRITO DA REDAÇÃO DO TEXTO

O “Catecismo da Igreja Católica” é fruto de uma vastíssima colaboração: foi elaborado em seis anos de intenso trabalho, conduzido num espírito de atenta abertura e com apaixonado ardor.

Em 1986, confiei a uma Comissão de doze Cardeais e Bispos, presidida pelo senhor Cardeal Joseph Ratzinger, o encargo de preparar um projeto para o Catecismo requerido pelos Padres do Sínodo. Uma Comissão de redação, composta por sete Bispos diocesanos, peritos em teologia e em catequese, coadjuvou a Comissão no seu trabalho.

A Comissão, encarregada de dar as diretrizes e de vigiar sobre o desenvolvimento dos trabalhos, seguiu atentamente todas as etapas da redação das nove sucessivas composições. A Comissão de redação, por seu lado, assumiu a responsabilidade de escrever o texto e lhe inserir as modificações pedidas pela Comissão e de examinar as observações de numerosos teólogos, exegetas e catequistas, e sobretudo dos Bispos do mundo inteiro, a fim de melhorar o texto. A Comissão foi sede de intercâmbios frutuosos e enriquecedores, para assegurar a unidade e a homogeneidade do texto.

O projeto tornou-se objeto de vasta consultação de todos os Bispos católicos, das suas Conferências Episcopais ou dos seus Sínodos, dos Institutos de teologia e de catequética. No seu conjunto, ele teve um acolhimento amplamente favorável da parte do Episcopado. É justo afirmar que este Catecismo é o fruto de uma colaboração de todo o Episcopado da Igreja Católica, o qual acolheu com generosidade o meu convite a assumir a própria parte de responsabilidade numa iniciativa que diz respeito, intimamente, à vida eclesial. Tal resposta suscita em mim um profundo sentimento de alegria, porque o concurso de tantas vozes exprime verdadeiramente aquela a que se pode chamar a “sinfonia” da fé. A realização deste Catecismo reflete, deste modo, a natureza colegial do Episcopado: testemunha a catolicidade da Igreja.

III. DISTRIBUIÇÃO DA MATÉRIA

Um catecismo deve apresentar, com fidelidade e de modo orgânico, o ensinamento da Sagrada Escritura, da Tradição viva na Igreja e do Magistério autêntico, bem como a herança espiritual dos Padres, dos Santos e das Santas da Igreja, para permitir conhecer melhor o mistério cristão e reavivar a fé do povo de Deus. Deve ter em conta as explicitações da doutrina que, no decurso dos tempos, o Espírito Santo sugeriu à Igreja.

É também necessário que ajude a iluminar, com a luz da fé, as novas situações e os problemas que ainda não tinham surgido no passado.

O Catecismo incluirá, portanto, coisas novas e velhas (cf. Mt 13,52), porque a fé é sempre a mesma e simultaneamente é fonte de luzes sempre novas.

Para responder a esta dupla exigência, o “Catecismo da Igreja Católica” por um lado retoma a “antiga” ordem, a tradicional, já seguida pelo Catecismo de São Pio V, articulando o conteúdo em quatro partes: o Credo; a sagrada Liturgia, com os sacramentos em primeiro plano; o agir cristão, exposto a partir dos mandamentos; e por fim a oração cristã. Mas, ao mesmo tempo, o conteúdo é com freqüência expresso de um modo “novo”, para responder às interrogações da nossa época.

As quatro partes estão ligadas entre si: o mistério cristão é o objeto da fé (primeira parte); é celebrado e comunicado nos atos litúrgicos (segunda parte); está presente para iluminar e amparar os filhos de Deus no seu agir (terceira parte); funda a nossa oração, cuja expressão privilegiada é o “Pai-Nosso”, e constitui o objeto da nossa súplica, do nosso louvor e da nossa intercessão (quarta parte).

A Liturgia é ela própria oração; a confissão da fé encontra o seu justo lugar na celebração do culto. A graça, fruto dos sacramentos, é a condição insubstituível do agir cristão, tal como a participação na liturgia da Igreja requer a fé. Se a fé não se desenvolve nas obras, essa está morta (cf. Tg 2,14-16) e não pode dar frutos de vida eterna.

Lendo o “Catecismo da Igreja Católica”, pode-se captar a maravilhosa unidade do mistério de Deus, do seu desígnio de salvação, bem como a centralidade de Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, enviado pelo Pai, feito homem no seio da Santíssima Virgem Maria por obra do Espírito Santo, para ser o nosso Salvador. Morto e ressuscitado, ele está sempre presente na sua Igreja, particularmente nos sacramentos; ele é a fonte da fé, o modelo do agir cristão e o Mestre da nossa oração.

IV. VALOR DOUTRINAL DO TEXTO

O “Catecismo da Igreja Católica”, que aprovei no passado dia 25 de junho e cuja publicação hoje ordeno em virtude da autoridade apostólica, é uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica, testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição apostólica e pelo Magistério da Igreja. Vejo-o como um instrumento válido e legítimo a serviço da comunhão eclesial e como uma norma segura para o ensino da fé. Sirva ele para a renovação, à qual o Espírito Santo chama incessantemente a Igreja de Deus, Corpo de Cristo, peregrina rumo à luz sem sombras do Reino!

A aprovação e a publicação do “Catecismo da Igreja Católica” constituem um serviço que o Sucessor de Pedro quer prestar à Santa Igreja Católica, a todas as Igrejas particulares em paz e em comunhão com a Sé Apostólica de Roma: o serviço de sustentar e confirmar a fé de todos os discípulos do Senhor Jesus (cf. Lc 22,32), como também de reforçar os laços da unidade na mesma fé apostólica.

Peço, portanto, aos Pastores da Igreja e aos fiéis que acolham este Catecismo em espírito de comunhão, e que o usem assiduamente ao cumprirem a sua missão de anunciar a fé e de apelar para a vida evangélica. Este Catecismo lhes é dado a fim de que sirva como texto de referência, seguro e autêntico, para o ensino da doutrina católica, e de modo muito particular para a elaboração dos catecismos locais. É também oferecido a todos os fiéis que desejam aprofundar o conhecimento das riquezas inexauríveis da salvação (cf. Jo 8,32). Pretende dar um apoio aos esforços ecumênicos animados pelo santo desejo da unidade de todos os cristãos, mostrando com exatidão o conteúdo e a harmoniosa coerência da fé católica. O “Catecismo da Igreja Católica”, por fim, é oferecido a todo o homem que nos pergunte a razão da nossa esperança (cf. l Pd 3,15) e queira conhecer aquilo em que a Igreja Católica crê.

Este Catecismo não se destina a substituir os Catecismos locais devidamente aprovados pelas autoridades eclesiásticas, os Bispos diocesanos e as Conferências Episcopais, sobretudo se receberam a aprovação da Sé Apostólica. Destina-se a encorajar e ajudar a redação de novos catecismos locais, que tenham em conta as diversas situações e culturas, mas que conservam cuidadosamente a unidade da fé e a fidelidade à doutrina católica.

V. CONCLUSÃO

No final deste documento que apresenta o “Catecismo da Igreja Católica”, peço a Santíssima Virgem Maria, Mãe do Verbo Encarnado e Mãe da Igreja, que ampare com a sua poderosa intercessão o empenho catequético da Igreja inteira a todos os níveis, nestes tempos em que ela é chamada a um novo esforço de evangelização. Possa a luz da verdadeira fé libertar a humanidade da ignorância e da escravidão do pecado, para a conduzir à única liberdade digna deste nome (cf. Jo 8,32): a da vida em Jesus Cristo sob a guia do Espírito Santo, na terra e no Reino dos Céus na plenitude da bem-aventurança da visão de Deus face à face (cf. 1Cor 13,12; 2Cor 5,6-8)!

Dado no dia 11 de outubro de 1992, trigésimo aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, décimo quarto ano do meu pontificado.

JOÃO PAULO II


Notas

[1] João XXIII, Discurso de abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, 11 de outubro de 1962: AAS 54 (1962), p. 788-791.

[2] Paulo VI, Discurso de encerramento do Concílio Ecumênico Vaticano II, 8 de dezembro de 1965: AAS 58 (1966), p. 7-8.

[3] João Paulo II, Alocução de 25 de janeiro de 1985: L’Osservatore Romano, 27 de janeiro de 1985.

[4] Relação Final do Sínodo Extraordinário, 7 de dezembro de 1985, II,B,a,n.4: Enchiridion Vaticanum, vol. 9, p. 1758, n. 1797.

[5] Discurso de encerramento do Sínodo Extraordinário, 7 de dezembro de 1985, n.6: AAS 78 (1986), p. 435.

 Texto: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_constitutions/documents/hf_jp-ii_apc_19921011_fidei-depositum.html

SUGESTÃO DE LEITURA – As OBRAS de Scott Hahn

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Foto: Helen Oliveira

Apresento dois livros incríveis de Scott Hahn: O Banquete do Cordeiro – A Missa segundo um convertido e Todos os Caminhos levam a Roma – O nosso percurso até o catolicismo.

Estou lendo, atualmente,  os dois livros: O Banquete do Cordeiro – A Missa segundo um convertido e Todos os Caminhos levam a Roma – O nosso percurso até o catolicismo.

Scott Hahn é homem brilhante! Com uma linguagem simples, mas penetrante; convence-nos da graça de sermos cristãos católicos.

Em O Banquete do Cordeiro – A Missa segundo um convertido,  Scott Hahn, antes da conversão ao catolicismo passa a assistir, como estudioso, a Santa Missa e com suas pesquisas sobre Liturgia Eucarística tem um encontro com o próprio “CÉU NA TERRA“. É um livro incrível para todos aqueles que buscam a beleza e a profundidade da Santa Missa e desejam mergulhar no Santo Mistério.

No livro Todos os Caminhos levam a Roma – O nosso percurso até o catolicismo, Scott Hahn apresenta o seu relato e da sua esposa, Kimberly,  como uma epopeia familiar que aborda os temas teológicos de forma acessível e clara. Como ele diz: ” é uma história de amor com final feliz”de um casal unido pela Verdadeira FÉ.

Recomendo a leitura dos dois livros. É Uma forma de aprofundar o conhecimento na fé que professamos.

Helen Oliveira

CONHECENDO O AUTOR…

Scott Hahn, homem brilhante, ex- pastor protestante, doutor em Sagrada Escritura, converteu-se à Igreja Católica. É professor de Teologia e Sagrada Esritura na Universidade Franciscana de Steubenville, desde 1990 e no ano de 2005 foi designado, pelo Papa Bento XVI, com o título: Catedrático de Teologia bíblica da Liturgical Proclamation, no Seminário São Vicent, em Latrobe, na Pensilvânia. Recebeu o grau de bacharel em Teologia, Filosofia e Economia no “Grove City College”, Pensilvânia (1979). É Doutor – Ph.D. em Teologia Bíblica (1995), na Marquette University. É fundador e diretor do “St. Paul Center for Biblical Theology” (Centro São Paulo de Teologia Bíblica), um Instituto de pesquisa sem fins lucrativos para promover o estudo bíblico e a Tradição católica.

(www.salvationhistory.com).

SUGESTÃO DE LEITURA – IMITAÇÃO DE CRISTO, Thomaz de Kempis

” O livro “A Imitação de Cristo” foi um dos mais traduzidos no mundo. Alguns dizem que entre os livros religiosos, depois da Bíblia, ele foi o mais traduzido. Escrito antes da invenção da imprensa, é de surpreender que milhares de cópias estavam espalhadas pelas bibliotecas da Europa.

Apesar de sua popularidade, não se tinha conhecimento de quem o escrevera, de seu autor. Não é de se admirar, pois no Capítulo II lê-se: “estima ser ignorado e tido em nenhuma conta” ou no original em latim: “ama nesciri et pro nihilo reputari”. O Capítulo V adverte os leitores a não procurar quem disse, mas a prestarem atenção ao que foi dito: “non quaeras quis hoc dixerit: sed quid dicatur attende”, ou seja, não importa quem escreveu “A Imitação de Cristo”, mas tão somente a sua mensagem.

Todavia, como a pergunta é se ainda vale a pena lê-lo, saber quem o escreveu pode ser de alguma valia. Conforme os estudos dão conta, foi escrito pelo padre Thomas Hemerken, nascido na cidade alemã de Kempen que, ao ser colocada na forma latina torna-se Kempis, assim diz-se que o livro foi escrito por “Thomas de Kempis”.

Kempen ou Kempis estava localizada na região da fronteira com a Bélgica e a Alemanha atuais, na área de cultura conhecida como flamenga, ou seja, holandesa. Naquela área surgiu o movimento denominado devotio moderna para contrapor a devotio antiqua em voga. A devotio antiqua era praticada por um clero decadente, o qual não punha mais o próprio coração nas celebrações litúrgicas e nas práticas devocionais. Lembrando que se trata do século XV, pouco antes da Revolução Protestante. Além disso, apresentava uma mística intelectualizada, mais preocupada com questões abstratas que com as dificuldades cotidianas. Ela era praticada sobretudo na região do Rio Reno e seu representante mais ilustre foi o dominicano Mestre Eckhart, mais tarde acusado como herege e que teve parte de seus escritos condenados. Por fim, ela apresentava uma ascese inalcançável. As pessoas se propunham penitências dificílimas, iam em busca de heroísmo ascéticos tão terríveis que se tornava impossível cumpri-las.

Nesse cenário, surgiu a devotio moderna propondo que sacerdotes e religiosos empenhassem o coração no culto a Deus, saindo do automatismo. Para fugir da intelectualidade exacerbada, centralizaram a devoção em Cristo. Ela rapidamente se tornou popular, pois, além de cristocêntrica, oferecia a todos práticas de penitência e de mortificação mais acessíveis.

Assim, Thomas de Kempis encontrou campo fértil para escrever a belíssima obra “A Imitação de Cristo” que traz orientações práticas para a vida do fiel. O livro é divido em capítulos (ou fichas) independentes, ou seja, cada um possui começo, meio e fim, portanto, pode ser lido de modo autônomo. Isso justifica o tradicional costume de se fazer uma oração e abrir o livro aleatoriamente. Sua característica é colocar o fiel em contato com Cristo, ajudando-o em seu processo de conversão, o qual exige uma ruptura com o mundo. Justamente nesse ponto a obra é criticada, pois a separação do mundo que ele sugere faz com que seja tachado de individualista, ou seja, com uma espiritualidade desencarnada, fora do mundo real.

No entanto, é possível superar esse obstáculo, esse efeito colateral de tão excelente remédio, recordando que o livro foi escrito para monges, ou seja, pessoas que já viviam apartadas do mundo. Para tanto, basta adaptá-lo ao dia a dia. Apesar disso, não deixa de ser um livro de extraordinária importância, posto que nesses tempos atuais em que muitos na própria Igreja abraça a mentalidade mundana, “A Imitação de Cristo” coloca as coisas em perspectiva cristocêntrica. A centralidade em Nosso Senhor Jesus Cristo, a ruptura com o mundo e com o pecado, numa espiritualidade que engaja a pessoa pelo coração e faz com que viva para o que realmente importa: o Céu.

No Brasil, existem várias edições disponíveis, inclusive na internet. A Editora Paulus possui uma excelente tradução da obra, num português bastante refinado e requintado, feita pelo Padre Cabral. Depois de cada capítulo, breves reflexões acerca daquele conteúdo, escritas por um padre francês. Contudo, para quem tem dificuldade com o português talvez não seja a edição mais indicada. Uma versão mais fácil e tão fiel quanto pode escolher a edição da Editora Paulinas, cuja tradução foi feita por Francisco Catão, o qual conseguiu adaptar o texto para para uma linguagem mais corrente. Finalmente, a edição da Vozes que traz além de um português requintado, comentários de São Francisco de Sales. Ela é interessante pois coloca em língua portuguesa, um trabalho feito em 1989, por um padre francês que, ao estudar a obra daquele grande santo, relacionou-as aos temas abordados em “A Imitação de Cristo”.

O livro está dividido em quatro grandes seções, sendo as duas primeiras introdução do leitor à vida espiritual. A terceira parte é um diálogo entre Cristo e a alma. Trata-se da parte devocional, meditativa. A quarta parte refere-se à Eucaristia, ensinando como recebê-la, adorá-la e a como aproximar-se dela de maneira adequada.

“A Imitação de Cristo” deveria ser o livro de cabeceira de todo católico. Trata-se de uma espiritualidade válida, especialmente nesse tempo em que a Igreja, em vez de ser missionária e evangelizar o mundo, está sendo justamente “evangelizada” por ele. “A Imitação de Cristo” poderá, sem dúvida, ajudar a impedir a mundanização da Igreja e de cada um”.

(Texto retirado do: https://padrepauloricardo.org/episodios/ainda-vale-a-pena-ler-a-imitacao-de-cristo – Todos os direitos reservados a padrepauloricardo.org)

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Foto: Helen Oliveira. Eu, Helen, tive a graça de encontrar, num sebo do Centro da Cidade do Rio de Janeiro, a Terceira Edição – Tradução Portuguesa confrontada com o manuscrito de 1441, editado pelo Revmo. P. Fleury por Frei Thomaz Borgmeier, O.F.M. Editora Vozes de Petrópolis – 1928.

SANTA LITERATURA

Conhecer é fundamental para amar. Só ama, realmente, aquele que conhece. Sou Católico Apostólico Romano e necessito conhecer a fé que professo. Ao conhecê-la encontro a VERDADE. E a própria VERDADE me libertará. Ler a Santa Palavra, a Bíblia, é primordial; contudo ler a Literatura Cristã Católica através dos tempos é importante para que a minha fé cresça a cada dia. Como Jesus disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!” (Jo 8,32)

Com a leitura de livros cristãos CATÓLICOS antigos ou atuais aprendo mais de DEUS UNO E TRINO e com os ensinamentos contidos em cada página me torno íntimo do AMOR. O caminho é unir-se a Cristo, que é a Verdade, e caminhar sem medo sobre a Sua verdade a Sua História. Ele é ” O Caminho, A Verdade e A Vida”. A Santa Literatura dá significado, sentido, direção para os questionamentos diários. As letras servem de soluções para dúvidas e de certezas para o espírito. Como Santo Agostinho: “Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: ‘Buscai sempre a sua face’ (Sl 104.4)”

Como bons cristãos vamos despertar o hábito da leitura de livros SANTOS e com a leitura busquemos a conversão.

Helen Oliveira